quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Cansado dos tucanos, eleitor de São Paulo entrega a chave do galinheiro para as raposas


O próximo governador de São Paulo deve ser o carioca e bolsonarista Tarcisio de Freitas. Para o eleitor que desejava “mudança” não deixa de ser uma incongruência. Não pelo perfil populista e conservador, é claro. Afinal, por aqui já foram dominantes o ademarismo, janismo, malufismo, o apoio ao regime militar, e agora se consolida o bolsonarismo (que é um misto piorado disso tudo).

Mas o sujeito que nem sequer sabia aonde vota, que é capaz de se perder se for deixado sozinho na Praça da Sé, chega a São Paulo ciceroneado por Kassab e Afif Domingos, pelo Republicanos (o braço político da Igreja Universal), pelo Centrão e toda a base de sustentação dos governos do PSDB nos últimos 28 anos (e no 2º turno, veja a ironia, até pelo próprio PSDB).

A última experiência da importação de “um técnico, não político” do Rio de Janeiro, de quem se valorizava também as qualidades de bom administrador para “consertar” São Paulo, foi quando Paulo Maluf trouxe Celso Pitta para a capital e cunhou a frase da sua lápide política: “Se o Pitta não for um bom prefeito, nunca mais vote no Maluf”. Profético.

Pois agora os paulistas, avessos à coligação que reúne PT, PSOL, PSB, PV e Rede com o reforço dos ex-governadores Geraldo Alckmin e Marcio França, querem votar no “técnico” Tarcisio de Freitas. No “gestor”. Faz lembrar a última “técnica” eleita no Brasil, apresentada com essa expertise, Dilma Rousseff. Ou o último “gestor”, João Doria. Deu no que deu.

Tarcisio, cercado de todos os partidos e corruptos do mensalão, do petrolão e do orçamento secreto (PP, PL, MDB, PTB, PSD e a pqp), com a benção do OGROnegócio, segue a linhagem do “rouba mas faz”. Abraçado neste 2º turno ao governador derrotado Rodrigo Garcia (PSDB) e ao prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB), além de toda a escória da política paulista (reunindo seus mais novos e velhos representantes), deve controlar um orçamento anual de R$ 286 bilhões.

O eleitorado paulista cansou, com razão, da permanência do PSDB no Governo do Estado desde 1994. Claro que toda alternância democrática de poder é necessária e salutar. Mas, mal comparando, para botar ordem no galinheiro resolveu trocar os tucanos pelas raposas. Tem como isso acabar bem?