quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Um minutinho de “Cidadania”: Vamos falar de votos, dinheiro público, os deputados deste partido e o apoio ao Bolsonaro?


Direto ao ponto: Observar a prestação de contas dos candidatos do Cidadania (ex-PCB e ex-PPS) é um exercício bastante didático sobre o perfil da bancada e a credibilidade de cada deputado eleito em 2022 por esta legenda.

Por exemplo, segundo dados oficiais do TSE, o deputado federal mais votado do Cidadania, o jovem Amom Mandel (AM), recebeu apenas R$ 20 mil do partido. Uma mixaria perto dos quatro eleitos e outros tantos não eleitos pelo país. Obteve 288 mil votos e a campanha dele custou no total R$ 487 mil.

Em contrapartida, o tesoureiro do Cidadania, deputado Alex Manente, que passou todo o mandato dizendo ser contra o uso dos fundos partidário e eleitoral, repassou à sua própria campanha praticamente 100% do custo para se eleger: ao menos R$ 3 milhões de recursos públicos (os valores podem ser até maiores). Teve 196 mil votos.

Outra deputada que atravessou o primeiro mandato na Câmara discursando contra os recursos eleitorais, Paula Belmonte (DF), também teve 100% da sua campanha, desta vez para deputada distrital, paga pelo fundo público do Cidadania: R$ 1,27 milhão. Isso para obter 17 mil votos.

Um último exemplo? Any Ortiz (RS), outra política crítica dos gastos públicos, recebeu do Cidadania R$ 2,28 milhões. Obteve 119 mil votos. Não por acaso, essas deputadas mencionadas são apoiadoras declaradas de Bolsonaro (hoje e sempre). Parece bastante ilustrativo do atual momento do ex-PPS (e do meu, do seu, do nosso dinheiro).

Um detalhe importante: Amom reclama não ter sido convidado para a reunião da Executiva Nacional do Cidadania que decidiu apoiar Lula. Alex, Paula e Any estavam lá e definiram por conta própria que não apóiam Lula em hipótese alguma - até porque são antipetistas declarados.

Conclusão: os maiores beneficiados com recursos do partido (do nosso bolso!) são justamente aqueles que desprezam a orientação e as instâncias do Cidadania, e todos ainda faziam campanha contra os fundos públicos (mas usaram!). Enquanto o mais votado, que bancou sua própria campanha, não foi nem sequer ouvido pela direção. Tem como isso dar certo? E tem como saber disso tudo e ficar quieto?