segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Repercussão de “ataque” ou “atentado” contra Tarcísio é a cereja do bolo para o marketing eleitoral e as fake news do bolsonarismo


Parece bastante conveniente à narrativa bolsonarista o suposto “atentado” ou “ataque” à campanha do candidato Tarcisio de Freitas na favela de Paraisópolis, ocorrido justamente no momento em que o marketing eleitoral do bolsonarismo tenta a todo custo atrelar a Lula e ao PT a pecha do apoio do crime organizado e até mesmo o voto dos presidiários.

Lula se vangloriou de entrar na favela sem medo. Bolsonaro e a milícia digital partiram para o contraponto típico da direita mais tacanha: associar favelado a bandido. Não pouparam nem o boné usado pelo petista. O CPX da marca do Complexo do Alemão virou sigla de “cupinxa” nas fake news canalhas da escória bolsonarista. Foi o que bastou para ser visto como prova incontestável da associação com o crime.

Aí hoje veio a cereja do bolo, depois do tema ser explorado à exaustão no debate da Band e na propaganda da TV: o crime organizado - que na versão bolsonarista apóia Lula - teria mandado um recado ao Brasil no “ataque” contra Tarcísio: ele, Bolsonaro e os políticos de direita, ao contrário de “esquerdistas vagabundos”, não são bem vistos pela bandidagem. Bingo!

E quem estava de prontidão para “salvar” Tarcisio e proteger as “pessoas de bem” no exato minuto do “atentado”? A Polícia Militar do governador Rodrigo Garcia, claro, o recém-declarado apoiador apaixonado de Tarcísio e Bolsonaro, que como prioridade da campanha prometem “valorizar a polícia” (inclusive retirando as câmeras dos uniformes dos PMs) e proteger São Paulo do PCC, do PT e da PQP.

Nada mais oportuno. Repetiram a receita de 2018: um atentado (verdadeiro ou fake, tanto faz) sempre funciona. Afinal, quem vai questionar a veracidade dos fatos com tantas testemunhas, principalmente jornalistas insuspeitos que ficaram literalmente no meio da troca de tiros? Ponto para Tarcisio, Bolsonaro e Rodrigo Garcia - e ainda faltam duas semanas para a eleição. Dias piores virão.