segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Estupro, gravidez, aborto, família: E se fosse a sua filha?


Uma menina de dez anos é estuprada pelo próprio tio e engravida. A Justiça autoriza o aborto.

Aonde você espera encontrar políticos? No parlamento aprovando leis mais rígidas contra esse crime hediondo? Ou, se tanto, na porta da cadeia exigindo que a polícia prendesse o canalha estuprador, certo?

Errado. Os políticos - todos declaradamente conservadores, evangélicos, bolsonaristas, representantes das famílias “de bem” - foram para a porta do hospital, promovendo tumulto e invasão, colocando outros pacientes e familiares em risco, ainda em plena pandemia, para tentar impedir o aborto.

O médico foi agredido, chamado de “aborteiro”. A família da menina estuprada foi agredida. Chamada de “assassina de criança”.

A própria menina de 10 anos, se não bastasse a violência sexual criminosa e absurda sofrida, teve que passar por mais este constrangimento diante de manifestantes alucinados.

Houve ainda a exposição do nome da menina, do endereço do hospital, da imagem e da identidade do médico que cumpriria a ordem judicial, nas redes sociais.

Tudo postado e compartilhado pela horda de apoiadores bolsonaristas, que se diziam indignados com a violência cometida contra a criança.

Mas, violência contra qual criança? A menina de 10 anos violentada? Obviamente que não!

A indignação foi toda canalizada contra a justiça, contra os médicos e contra a menina que faria o aborto.

Para os manifestantes, o feto resultado do estupro é uma vida que precisava ser salva, independente do trauma permanente causado à família da criança estuprada.

E você, o que acha disso tudo? Qual a sua opinião sobre o aborto autorizado pela Justiça, especialmente neste caso, de uma menina de apenas 10 anos e, pior, estuprada por um parente consanguíneo, o próprio tio?

A Justiça enlouqueceu? Os médicos são assassinos? Ou os manifestantes enlouqueceram? Quem tem razão? Quem é criminoso? Quem é vítima? O que você faria se o caso envolvesse a sua filha?