sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Procurador da República ou advogado de defesa da familícia?

O que dizer de um Procurador Geral da República que atua como advogado de defesa do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos delinquentes?

Em tese, o PGR Augusto Aras deveria atuar como chefe do Ministério Público Federal, fiscalizando a execução e o cumprimento das leis. Na prática, em vez de representar os interesses da União, é mais um serviçal da bolha política e ideológica bolsonarista.

Pior: defende os interesses da família Bolsonaro e o dele próprio, particular, candidato declarado que é a uma vaga no Supremo Tribunal Federal - e Bolsonaro acena com essa possibilidade, como um adestrador que oferece o biscoito para fidelizar o cachorro.

A última manifestação de Augusto Aras foi defender o foro privilegiado de Flavio Bolsonaro no caso Queiroz. Ou seja, o procurador defende pessoalmente o investigado e atua contra o Ministério Público, apesar de todas as provas encontradas. Faz sentido para você?

Mas não é só isso. Nesta semana, apenas, deu mais duas declarações absurdas nessa mesma linha de defesa bolsonarista. O presidente, orgulhoso e satisfeito, voltou a acenar com a vaga no Supremo. Você acompanhou? Pois veja e reflita:

Primeiro, afirmou que Bolsonaro tem imunidade e não deve ser punido mesmo que for comprovada a participação direta do presidente nos crimes cometidos pelo Queiroz (inclusive os depósitos de dinheiro público na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro).

Aras disse ainda que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não tem nenhuma obrigação de desengavetar, analisar ou mesmo de levar a plenário algum dos mais de 50 pedidos de impeachment que já foram apresentados.

Para o procurador dos interesses da família Bolsonaro, os pedidos do impeachment tem caráter essencialmente político, não cabendo, portanto, a intervenção do Poder Judiciário. Com isso, ele lava as mãos, como um Pôncio Pilatos de plantão. Um retrocesso democrático sem precedentes.

Mas não sejamos injustos. Aras já havia dado outras mostras de fidelidade canina ao presidente. Fechou os olhos, por exemplo, para as atitudes irresponsáveis de Bolsonaro na pandemia. E para a participação dele em atos golpistas. Você se lembra?

Fez mais! Chegou a chancelar a tese de que o artigo 142 da Constituição respalda um golpe militar. Atua sistematicamente contra a Lava Jato. E tentou ainda brecar o inquérito no STF sobre as milícias digitais bolsonaristas.

É ou não é um daqueles casos de “amor hetero” que Bolsonaro gosta tanto de mencionar, fazendo graça como o tiozão do churrasco piadista, para constrangimento e vergonha alheia de toda a família? Pobre Brasil.