quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Datena está fora; Russomanno e Marta seguem negociando; e a fila pelo apoio de Bolsonaro aumenta

Já comentamos aqui que o cenário da disputa para a Prefeitura de São Paulo estava totalmente indefinido, ainda mais com o adiamento das eleições para 15 de novembro.

Mas ontem, 11 de agosto, venceu o primeiro prazo importante para a definição de alguns candidatos. Era o último dia para apresentadores de rádio e TV se afastarem de seus programas se quisessem ser candidatos.

Datena, filiado ao MDB e acertado para ser vice do prefeito Bruno Covas (PSDB), acabou desistindo pela terceira vez de entrar para a política, sempre na hora H. Já pode pedir música no Fantástico.

O apresentador da Band ainda fez mistério. Não apresentou o programa de rádio pela manhã e negociou seu destino até o meio da tarde, quando entrou no ar no “Brasil Urgente” para anunciar a desistência de concorrer agora e, mais uma vez, prometer vir candidato na próxima, em 2022. Haja paciência!

Outro apresentador e potencial candidato, Celso Russomanno, que também é deputado federal pelo Republicanos, segue negociando: pode ser candidato a prefeito (e para isso busca o apoio da família Bolsonaro) ou vice de Covas. Quem dá mais?

Como diria aquele personagem humorístico da Escolinha, o judeu Samuel Blaustein, “fazemos qualquer negócio”.

Há fila de candidatos em busca de um aceno positivo de Bolsonaro e da familícia para enfrentar o favoritismo de Bruno Covas, que tem a máquina (municipal e estadual) e o apoio fechado de vários partidos.

Até Marcio França (PSB), identificado como nome de centro-esquerda, flerta com Bolsonaro. Esteve com o presidente na inauguração de uma obra em São Vicente e não tem escrúpulos para destilar ódio contra seu inimigo nº 1, João Doria.

Outros pré-candidatos que disputam o voto bolsonarista são Andrea Matarazzo (PSD), Joice Hasselmann (PSL), Filipe Sabará (Novo), Arthur do Val “Mamãe Falei” (Patriota), Marcos da Costa (PTB) e até o indefectível Levy Fidelix (PRTB), o homem do Aerotrem e dono do partido do vice-presidente, General Mourão.

A esquerda também se apresenta fragmentada. A dobradinha do PSOL (Guilherme Boulos e Luiza Erundina) segue fazendo estragos no PT, que lançou Jilmar Tatto e corre o risco de ter a sua pior votação em São Paulo após vencer três eleições (1988, 2000 e 2012) e chegar ao 2º turno em outras tantas.

Artistas, intelectuais, personalidades e políticos vinculados historicamente ao PT estão declarando apoio à candidatura Boulos. São nomes como Chico Buarque, Marilena Chauí, Raquel Rolnik e Renato Janine Ribeiro. O PT promete contra-atacar tendo Lula como protagonista da campanha.

Pequenos partidos, inclusive alguns eternos satélites petistas, também tem seus pré-candidatos para marcar posição: Orlando Silva (PCdoB), Vera Lucia Salgado (PSTU), Antonio Carlos Mazzeo (PCB) e Vivian Mendes (UP).

Novidade, por enquanto, veio do PV, que anunciou Eduardo Jorge como candidato e Roberto Tripoli, vice. A Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, também cogita lançar uma mulher, entre Marina Helou, Duda Alcantara, Raquel Marques e Marina Bragante.

Além da indefinição de Russomanno, da vergonha alheia pelo apoio de Bolsonaro, do pró e anti-Lula, falta também Marta Suplicy (Solidariedade) definir entre candidatura própria, ser vice ou permanecer fora da urna, apenas como articuladora privilegiada.

Entre mortos e feridos, vamos acompanhar essas guerras fratricidas à esquerda e à direita. Seguem as negociações e a procura pelos vices ideais. Depois, o próximo passo serão as convenções partidárias.

É certo que a polarização tradicional não se repetirá em São Paulo: nem PSDB x PT, nem PT x Bolsonaro. A fragmentação, aparentemente, favorece a reeleição de Covas. Enfim, que bicho vai dar por aqui?