quarta-feira, 22 de julho de 2020

A banalização das mil mortes diárias

Fica uma dúvida quando vemos tanta gente nas ruas, a aglomeração no comércio e nos transportes, e agora mais ainda quando assistimos até a Prefeitura e a Câmara Municipal discutirem a volta às aulas: será que todo mundo enlouqueceu?

Que protocolo é esse que nos levará a tentar vencer uma doença letal e sem vacina apenas na base da máscara e do álcool gel?

Como foi que chegamos a esse ponto de menosprezar as recomendações da ciência e da medicina para nos rendermos à “bolsonarização” do país?

“E daí? Todo mundo vai morrer um dia, não é verdade?”

Corinthians e Palmeiras voltam a jogar pelo Paulistão. O Flamengo foi novamente campeão carioca. Estádios vazios à parte, parece que tudo vai voltando à normalidade.

Mas, espera lá, que “normal” é esse? Pão e circo no país do futebol?

Enquanto os governantes comemoram o alegado controle da pandemia e a suposta estabilização da doença, vamos fingir que é normal seguir na casa das mil mortes diárias, ou que isso é algo minimamente aceitável?

Você se sente seguro no ônibus, no shopping, no mercado, no parque, no elevador, no salão de beleza?

Os hospitais já não correm mais risco de superlotação? Temos UTIs e respiradores suficientes?

As escolas estão preparadas para receber crianças e jovens seguindo as normas de higiene e distanciamento, garantindo a tranquilidade dos pais?

Alguém pode explicar aonde foi parar a responsabilidade e o bom senso?

Ou, senão, onde foi que nós erramos e por que nos perdemos no caminho?

Qual distúrbio social ou percepção equivocada da realidade nos empurra para a morte como o gado que segue impassível para o abatedouro?

Que tristes tempos, meu Deus!