segunda-feira, 13 de julho de 2020

Pare, pense e compartilhe: Que tipo de democracia desejamos, afinal?

Todo mundo fala em democracia, com exceção de uma minoria de boçais que defende uma extemporânea intervenção militar - mas isso é caso psiquiátrico ou de mau caratismo, mesmo! (Saudades da ditadura, né, minha filha?).

O que nos interessa é dialogar com os democratas. Ainda assim não parece um exercício fácil, pois a democracia pode ser definida sob diferentes pontos de vista, do bolsonarismo ao petismo, passando por 50 tons de cinza e todas as cores do arco-íris.

Esquerda, centro, direita, liberais, conservadores, progressistas, reacionários, liberais, trabalhistas, socialistas, fundamentalistas, sociais-democratas, sustentabilistas etc. O espectro político é multifacetado.

Partindo do princípio que democracia é o sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições livres e periódicas, e que em todo governo eleito pelo voto, em tese, o povo exerce sua soberania, somos realmente todos democratas.

Mas será verdade? Basta termos eleições de quatro em quatro anos (ou de dois em dois, intercalando eleições nacionais, estaduais e municipais) e eleger nossos representantes para garantir que vivemos em uma democracia plena?

Será que todos os 33 partidos políticos oficializados no Brasil tem a mesma definição conceitual da democracia? E as práticas, então? Ser a favor do Bolsonaro te faz um democrata? E se eu defender o impeachment do presidente?

Foi democrático o impeachment da Dilma? E a Operação Lava Jato? E a prisão do Lula, foi legal? O estado democrático de direito é justo e igual para todos? Prender o Queiroz foi legítimo? E permitir sua prisão domiciliar? (Mas o Lula tá solto, babaca!)

Percebe que tudo que se falar de política e democracia, hoje em dia, tende a reforçar a polarização entre dois extremos? E nem se trata mais, exclusivamente, de falar em esquerda x direita. Nem ser de centro, isentão ou algo do tipo.

Vivemos uma polarização de visões de mundo. Compreensão da realidade. Civilização x barbárie. Ciência x negacionismo. Cultura x ignorância. Conhecimento x desinformação. Educação x obscurantismo.

Precisamos enfrentar a polarização burra e estreita que divide o Brasil e a atual política entre o bolsonarismo e o petismo, como no pior cenário que poderíamos ter - e tivemos - nas eleições de 2018.

Entender que o fato de eu fazer oposição ao Bolsonaro não me torna um petista. Por outro lado, não me alinhar ao oposicionismo do PT ou não ser um nostálgico dos governos petistas também não me equipara aos bolsonaristas.

Podemos nos opor a ambos ao mesmo tempo. Fanáticos petistas e lunáticos bolsonaristas podem até ser democratas no sentido estrito do termo. Mas será essa a democracia que nós desejamos? Será essa a saída que verdadeiramente necessitamos para o Brasil?

Sejamos claros. Devemos construir urgentemente uma alternativa ao petismo e ao bolsonarismo. Tanto para as eleições municipais de 2020 quanto para a sucessão de 2022 - se chegarmos lá sem um impeachment - precisamos ampliar o leque democrático brasileiro.

Velhos partidos, velhas ideologias e os candidatos de sempre já não nos representam. Precisamos inovar nas formas tradicionais da democracia representativa, avançar para a democracia direta online e combater práticas condenáveis como o populismo, o fisiologismo, o corporativismo, a burocracia e a propinocracia.

Além de debater nomes, propostas e partidos, precisamos também acabar com a obrigatoriedade do voto, instituir recursos como o recall político, mudar as formas de financiamento público de campanha e o uso dos meios de comunicação.

Falar a sério sobre parlamentarismo ou presidencialismo, voto distrital puro ou misto, fim dos privilégios e do mau uso da máquina pública, adoção de mais plebiscitos e referendos, programar as reformas estruturais do Estado, aprimorar a independência e a harmonia entre os poderes.

Percebeu agora que defender a democracia não se resume simplesmente a escolher um lado ou outro da polarização política? Devemos nos opor igualmente a todos os maus políticos, independente da preferência partidária.

Cobrar, fiscalizar, exigir transparência, coerência, probidade e eficiência. Menos discurso e mais palavra. Menos propaganda e mais trabalho. Menos mimimi, menos blablablá, menos lacração a mais ação. Entenderam ou precisa desenhar?