sábado, 25 de julho de 2020

Banana, ema, cloroquina, bolsonarismo e fake news

A polêmica bolsonarista da semana, entre a cloroquina oferecida às emas e uma banana aos jornalistas, é a suspensão das contas de alguns lunáticos difusores de fake news e patrocinadores do ódio nas redes sociais contra o estado democrático de direito.

A discussão: é censura ou não é? Há abuso de autoridade ou uma reação enérgica mas proporcional aos crimes cometidos? Há ilegalidade do ministro do STF ou, ao contrário, o atentado recorrente às leis é de quem ataca as instituições republicanas?

Defendo a liberdade de expressão, até porque uso e abuso desse direito (e vocês são testemunhas, às vezes até de forma deselegante com provocadores contumazes), mas certamente bolsonaristas passam dos limites e fazem isso exatamente para testar as reações.

A tese para a suspensão das contas já investigadas nos inquéritos das fake news e também do gabinete do ódio é que o crime está exatamente na difusão recorrente de notícias falsas e nas campanhas orquestradas contra o estado de direito. É polêmico, concordo.

Admito opiniões de quem julga estarmos no “fio da navalha” entre a inconstitucionalidade e a devida prevenção e punição de ataques e abusos ilícitos, mas tenho dificuldade de ver algum destes lunáticos que foi restringido no twitter ou no facebook como vítima. São criminosos.

A censura é inadmissível, e isso não se discute. Porém, um golpista fanático (e corrupto condenado) fazendo apologia diária do crime e da ditadura, como Roberto Jefferson, por exemplo, com o agravante ainda de ser presidente de um partido, ou um empresário influente e patrocinador de emissoras de TV, como Luciano Hang, não é tão ou mais inaceitável e escandaloso?

Curioso que justamente esses golpistas e inimigos declarados da autonomia e da independência dos poderes recorrem agora aos princípios constitucionais para justificar seus “direitos” e “liberdades”. Ora, mas a Justiça não se presta a acobertar ilicitudes. Ao contrário. Deve combater o crime.

É mais ou menos como se eu quisesse justificar que posso ser racista e homofóbico simplesmente por estar exercendo os meus direitos e a minha liberdade de expressão. Sou, e daí? A Constituição me permite!

Nananinanão. Interpretação completamente equivocada da lei, da ordem e da democracia. Coisa típica de canalhas, como são esses bolsonaristas punidos liminarmente pelo Supremo Tribunal Federal.

Não tem santo nessa guerra de narrativas e de versões. Mas tomemos um aprendizado da publicidade, para ilustrar. Propaganda enganosa é tirada do ar, por exemplo. Não é censura. É defesa do consumidor. Simples assim.

A auto-regulamentação do twitter e do facebook também prevê o banimento de contas. Ambos executam isso diariamente. Se as próprias regras de plataformas e aplicativos não admitem ações criminosas como essas, porque nós devemos tolerar?

O youtuber e influenciador digital Felipe Neto é um personagem interessante dos novos tempos. Com mais seguidores, sozinho, que todos os 33 partidos brasileiros juntos, ele vem ganhando protagonismo e consistência política. Fez um dossiê importante sobre o tema. Acompanhe o fio no twitter.