domingo, 28 de junho de 2020

Entre a civilização e a barbárie, o bolsonarismo, a oposição e o muro #ForaBolsonaro #ImpeachmentJá

Compartilho aqui uma reflexão: o protagonismo do antibolsonarismo está se dando principalmente por ações do Judiciário, da grande imprensa (Globo e Folha à frente) e de influenciadores digitais.

A política propriamente dita, formal, tradicional, institucional, está em segundo (ou último) plano. Há um vazio de grandes lideranças, além de uma falta gritante de sintonia e de credibilidade dos partidos e dos representantes eleitos.

Pesam contra a unidade da oposição, ainda, os interesses difusos das legendas à esquerda, ao centro e à direita, uma miopia eleitoral incapacitante e a disputa fratricida pelo espólio do pós-PT (espaço ocupado, não por acaso, por fanáticos e lunáticos bolsonaristas).

Estamos na era do “ativismo autoral”, como Marina Silva observa há quase uma década. Para o bem ou para o mal, as redes substituem as ruas e interferem nas urnas, fazendo despontar personagens que vão de Bolsonaro a Tabata Amaral, de Sérgio Moro a Luciano Huck, de Rodrigo Gentili a Felipe Neto, de Joice Hasselmann a Fábio Porchat, de Sara Winter a Anitta.

Cabe perguntar: para que servem os partidos? Hoje são 33 legalizados e outros tantos buscando formalização, entre eles o Aliança Pelo Brasil, sigla bolsonarista que não saiu ainda da intenção ao validar menos de 2,5% das 492 mil assinaturas necessárias.

O Poder Legislativo, se não bastasse todo o descrédito da população, parece pouco eficaz no enfrentamento institucional aos abusos de Bolsonaro, principalmente se comparado às iniciativas práticas do Judiciário, do Ministério Público, dos movimentos cívicos e da imprensa.

Lentidão, fisiologismo, corporativismo, com um misto de omissão e de cumplicidade. Assim caminha o Congresso Nacional na visão de grande parte da população, dos alienados aos mais conscientes, dos cidadãos politizados, do efeito manada e dos formadores de opinião.

Onde estão as CPIs? E uma discussão consistente sobre os crimes de responsabilidade cometidos por esse presidente psicopata? Qual a perspectiva de abertura de um necessário processo de impeachment? Com que isenção e legitimidade deputados e senadores vão defender o estado democrático de direito?

Vivemos dias complicados. Podemos chafurdar na crise ou reagir enquanto é tempo para recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento sustentável, da boa política, da garantia das instituições republicanas e da consolidação da democracia.

Entre a civilização e a barbárie, qual a nossa escolha? Vamos sair do muro?