quinta-feira, 11 de junho de 2020

No País do 01, 02, 03... Não passamos de números!

Você viu as filas inacreditáveis na reabertura dos shoppings? E a muvuca no comércio de rua? E a aglomeração nos ônibus, no trem, no metrô?

Em uma semana de sucessivos recordes de mortos e infectados, apesar dos esforços para esconder a realidade, cada vez mais nós percebemos que não passamos de números para o poder público.

Quantos passageiros no transporte público? Quantas mortes a maquiar nos boletins diários? Quanto custamos ao governo? Qual o tamanho do prejuízo à economia e quanto de desvalorização do PIB representou priorizar a saúde e a vida humana nestes últimos meses?

Somos números, meras estatísticas, coisas sem tanta importância diante da necessidade de mostrar progresso, pujança, desenvolvimento. Massa de manobra de interesses políticos, econômicos, partidários, eleitorais, ideológicos.

Comércio reaberto, escritórios reabertos, shoppings reabertos, parques fechados. Faz algum sentido? Nenhum! Enquanto isso, dá-lhe mais abertura de covas e fechamento de caixões. Abertura dos cofres públicos e contas que não fecham.

E a ciência, que em tese guiou alguns governantes nestes 75 dias de quarentena, foi descaradamente abandonada por pressão das elites econômicas e empresariais, por políticos ineptos, pelos donos do mercado, do dinheiro e da p**** toda.

No momento em que os números de doentes e mortos atingem seu pico no Brasil, justamente quando o isolamento social se mostrava mais necessário, vem o relaxamento, a flexibilização, a volta às ruas por necessidade ou saco cheio de ficar preso dentro de casa.

E criam-se marcas, grifes, slogans, tudo vira marketing. É a tal da flexibilização inteligente, a reabertura consciente, a quarentena heterogênea. Tudo balela de quem faz política como quem vende sabonete.

E a “cidade linda” fica cada vez mais feia porque deixa gente sem casa, gente sem emprego, gente sem comida, gente sem saúde. Aí vem o presidente demente e te oferece uma esmola de 600 reais. Viva! Ou morra, tanto faz. Importante mesmo é fazer a economia girar.

E a partir de hoje, nova ordem: você corre para comprar roupa, fazer unha, fazer cabelo e ficar bonito para ser jogado num corredor de hospital lotado, com equipamento superfaturado, e se tiver alguma sorte pode até ser enterrado bem maquiado - como os dados oficiais do coronavírus.