terça-feira, 2 de junho de 2020

Oi prefeito, governador, vereadores, deputados

Alô, governador João Dória

Olá, prefeito Bruno Covas

Vereadores da Câmara Municipal

Deputados da Assembleia Legislativa

Vamos conversar sério sobre a reabertura do comércio em pleno pico da pandemia?

A gente sabe que a pressão estava quase insustentável. Afinal, depois de 75 dias de quarentena, bateu o desespero.

As pessoas precisam trabalhar, sair, comprar, vender, ganhar dinheiro, pagar as contas, sustentar a família.

Cá entre nós, sabemos também que foi uma decisão meramente política. Já falamos disso em outro post.

Porque, se fosse mesmo para ouvir a ciência, essa flexibilização do isolamento social, neste momento, não faria nenhum sentido.

Mas, enfim, se foi inevitável, vamos fazer a coisa certa. Ou o melhor possível.

Qual o sentido de abrir um shopping center por apenas 4 horas? Vai concentrar o movimento num horário super reduzido para lotar mais e causar aglomeração?

E o transporte coletivo? Não tem como reduzir o número de usuários, não tem como aumentar o distanciamento. Mas qual a lógica de lotar ônibus, trem e metrô e alegar que as lojas não podem funcionar em horário estendido?

E os parques? Me diga se faz sentido manter fechados parques, praças e áreas públicas ao ar livre se as aglomerações em espaço coberto e com ar condicionado voltarão a acontecer ou sequer pararam?

O que é mais saudável? Andar num parque mantendo o distanciamento recomendado ou se espremer indo e vindo do trabalho?

Já andou de metrô, governador? Já subiu num busão, prefeito? Vereador, deputado, já passaram pela Estação da Sé às seis da tarde?

Como justificar que bares e restaurantes, e até as academias (que ainda não reabriram, mas vão reabrir), são menos perigosos que uma caminhada no Parque do Ibirapuera ou no Parque da Água Branca?

E o comércio popular? Conhecem o movimento no Brás e na Vinte e Cinco de Março? Tem como manter distanciamento?

E as creches? Como os pais voltam a trabalhar sem ter onde deixar os filhos pequenos? E as escolas? E os barbeiros, cabeleireiros, salões de beleza?

Então, prefeito, governador, deputados, vereadores, vamos ser sinceros. Estamos todos no mesmo barco. Os riscos de contaminação só aumentam. Os hospitais estão lotados.

Se é para experimentar e arriscar com essa flexibilização, e se queremos realmente que essa retomada da vida “normal” seja consciente e inteligente, vamos repensar alguns pontos importantíssimos como os mencionados acima.

Os que permanecerem vivos agradecem (e, não se esqueçam, teremos eleição no fim no ano). Obrigado pela atenção. Vamos sobreviver, trabalhar e votar.