terça-feira, 16 de junho de 2020

Somos livres para escrever a nossa História, mas vivemos sob constante ameaça do terror

Uma hora a bomba vai explodir. O pavio está aceso. O Brasil é um barril de pólvora. Qualquer faísca tem potencial para causar um estrago enorme. Miséria, fome, desemprego, recessão, crise sanitária, violência, descrença na política e nos políticos. O fogo está se aproximando.

Na Presidência da República temos um inepto, populista, promotor do ódio e do confronto institucional. Um legítimo Nero ou Napoleão de hospício, que ameaça com seus fanáticos e milicianos dar um golpe se o estado de direito “esticar muito a corda”.

Ora, isso é apologia ao crime. Mas nem é novidade para este sociopata que tem como herói um torturador e afirma que a ditadura matou pouco. Que advoga o fechamento do Congresso e do Supremo. Que enxerga o mundo por um viés ideológico inexistente, surreal, psicótico, esquizofrênico.

O meme não virou presidente por acaso, mas quase por acidente. Era o títere que estava ali mais à mão para personificar a escória política reprimida e que precisava de um representante para se empoderar. O eleitorado resolveu então fazer um upgrade no voto de protesto que já teve Cacareco, Enéas, Macaco Tião e Tiririca. Elegeu a maçaroca disso tudo.

Os movimentos políticos são cíclicos e com reflexos mundiais. Há ondas liberais e conservadoras, progressistas e reacionárias, de esquerda e de direita, iluministas e obscurantistas. Vivemos um dos
piores momentos da História. Basta espiar por aí o deserto de ideias e de lideranças. Não se vislumbra o horizonte.

Os protestos que se espalham pelo mundo vão chegar por aqui com força. A indignação está represada. A reação dos injustiçados e oprimidos vai ser extravazada, mais cedo ou mais tarde. Os que hoje sofrem o tal “cancelamento” virtual, como fascistas, racistas, preconceituosos, machistas, misóginos, homofóbicos, corruptos, criminosos, assistirão a revolta transpor as redes e ir para as ruas e para as urnas.

No melhor cenário, uma frente democrática ampla vai afastar este presidente demente e seus milicianos lunáticos dentro da legalidade e da civilidade que se espera num mundo ideal. Por outro lado, pode haver tentativa de golpe, reação armada, saques, vandalismo, depredações, uma verdadeira guerra civil.

Escrever esse roteiro depende de todos nós. Como virar a página, de que forma corrigir o erro, como superar essa fraquejada da democracia. Faremos a nossa escolha por meio de atos, palavras e pensamentos. Por nossas ações e omissões. Pelo protagonismo que quisermos ter, a sensibilidade e a sabedoria para por um ponto final nesse capítulo infeliz do Brasil.