terça-feira, 23 de junho de 2020

Vamos malhar? Vamos comer? Vamos morrer?

Pressão política e econômica vencem a ciência e o bom senso; São Paulo vai flexibilizar mais o isolamento no pior momento da pandemia.

Não deve ser fácil governar. Mas se o presidente, governadores e prefeitos se dispuseram a disputar eleições, que tenham competência, responsabilidade e dignidade para exercer suas funções.

Do presidente não esperamos mais nada. É comprovadamente um inepto, psicopata, tosco, desqualificado. Do governador e do prefeito, esperávamos mais. Começaram bem ao decretar o necessário isolamento social por recomendação de médicos e cientistas. Agora recuam.

Sabemos da dificuldade que é agradar a todos. Vemos a pressão diária pela flexibilização da quarentena nestes quatro meses de pandemia. Certamente não é simples manter a economia paralisada, ainda que o motivo seja nobre: preservar vidas.

Até porque a turma do contra, influenciada principalmente pelo presidente demente, acusa os próprios governadores e prefeitos pela crise. Como se quem tenta proteger a saúde da população fosse o carrasco, e quem defende “vida normal” tivesse a razão.

Por tudo isso, precisamos criticar desde já o avanço para a “fase amarela” (depois da vermelha e da laranja e rumo à verde) do isolamento em São Paulo. Com os números atuais, não faz nenhum sentido baixar a guarda e expor mais gente ao vírus.

O comércio terá uma abertura menos restritiva, permitindo o funcionamento parcial com acesso das pessoas em bares, restaurantes, salões de beleza e até academias. Somados aos shopping centers, às aglomerações nas ruas e ao transporte superlotado, teremos o cenário do caos completo.

Ao mesmo tempo, segue proibido frequentar espaços abertos como parques públicos, praças e clubes. Qual é a lógica? Dizem as autoridades que é para desestimular a saída desnecessária das pessoas às ruas.

E você se convenceu disso? Quer dizer então que ir ao shopping ou à academia é mais importante ou saudável que frequentar um espaço público, aberto? Por que?

Entendemos que salões, lojas e academias precisam da presença dos clientes para sobreviver. Mas justamente agora? Vamos pagar para morrer mais bonitos, em forma e arrumadinhos?