terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Estamos de olho na relação do prefeito e dos vereadores com o mercado imobiliário: em defesa do verde, e não das verdinha$


Uma das acusações que fazem contra o prefeito reeleito Bruno Covas é sobre o suposto vínculo do tucano com os interesses do mercado imobiliário, visto que entre seus maiores doadores de campanha (que fizeram contribuições milionárias) estão alguns dos principais empresários do setor.

De fato, chama atenção a quantidade de doadores ligados a grupos de construtoras e incorporadoras, entre executivos e proprietários, ainda mais porque está pautada obrigatoriamente para o próximo ano, por exigência legal, a revisão do Plano Diretor de São Paulo.

Não por coincidência, também, na pauta deste final de legislatura da Câmara Municipal retornaram às pressas diversos projetos de intervenção urbana que envolvem regras, interesses e benefícios ao setor habitacional. Sem contar que vários vereadores receberam doações eleitorais desses empresários. 

Parece existir uma urgência pela aprovação de projetos como Operação Urbana Água Branca, Plano Urbanístico Chucri Zaidan, PIU Vila Leopoldina – Villa Lobos, Operação Urbana Bairros do Tamanduateí (Cambuci, Mooca, Ipiranga, Vila Prudente e adjacências), entre outros, todos polêmicos e ainda mal explicados.

Esse último, dos chamados “Bairros do Tamanduateí”, por exemplo, envolve a antiga reivindicação de um grande parque na Mooca (detalhado no post de ontem, na ilustração de hoje e no final deste texto). A aprovação açodada do projeto pode por a perder a luta de toda a comunidade por décadas. Daí o nosso alerta!

Entre os grandes doadores de Covas estão Jorge Mitre, médico fundador do Hospital dos Olhos e membro da família que dirige a incorporadora Mitre Realty; José Ricardo Rezek, do Grupo Rezek; Ernesto Zarzur e Samir Zakkhour El Tayar, da Eztec; Elie Horn, da Cyrela; e Antonio Setin, da Setin Incorporadora.

Nos planos urbanísticos e na revisão do Plano Diretor, podem ser modificadas e flexibilizadas diversas regras existentes, como o chamado potencial construtivo, a destinação de zonas de interesse social para moradia, prédios mais altos no miolo dos bairros em troca de recursos destinados ao caixa da Prefeitura, quantidade de vagas de garagem, entre outros obstáculos ou facilidades.

A população precisa ficar atenta especialmente para duas prioridades, que devem caminhar paralelamente, sem que uma se sobreponha à outra: os projetos de moradia popular e a preservação de áreas verdes, parques, praças, áreas de mananciais e remanescentes da Mata Atlântica.

Muitas vezes, por incompetência, desinformação ou pura sacanagem, gestores públicos tentam opor e indispor os interesses dos movimentos de moradia e de ambientalistas, como se ambos fossem inconciliáveis. Não são.

Por exemplo, a justa reivindicação do já famoso Parque da Mooca no antigo terreno da distribuidora de combustíveis Esso, uma área de aproximadamente 100 mil metros quadrados na região com menor índice de área verde por habitante na cidade, que a população quer preservar na totalidade mas a Prefeitura, de forma impositiva, pretende permitir a construção de milhares de unidades habitacionais.

Com planejamento, inteligência e boa vontade, pode ser implantado o tão sonhado Parque da Mooca e em áreas adjacentes, ocupadas por antigos galpões industriais, muitos deles vazios, deteriorados e abandonados, haver uma gigantesca revitalização urbana com projetos habitacionais, comerciais, de arte e cultura, de esportes e de prestação de serviços. Basta vontade política.

Então, aviso aos navegantes, governantes, construtores, incorporadores, investidores e à tropa de choque da Câmara Municipal e do mercado imobiliário: não aceitaremos perder áreas verdes que são imprescindíveis na cidade para interesses financeiros, particulares, corporativos, políticos, empresarias, sob quaisquer argumentos. Vamos fiscalizar, denunciar, lutar pelos nossos direitos até o fim!