segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Nenhum partido me representa!


Como cantou Cazuza, “meu partido é um coração partido, as ilusões estão todas perdidas e meus inimigos estão no poder”. Não há nenhuma dúvida disso! Basta olhar para os atuais inquilinos do Palácio do Planalto. A começar pelo presidente demente.

Resta muito pouco daqueles tempos românticos da redemocratização, quando a juventude buscava, desde o movimento estudantil, uma legenda e uma ideologia para viver.

A confiança nos políticos e nos partidos tradicionais despencou. O interesse pela política é outro, hoje em dia. Cada jovem cidadão se tornou um ativista autoral, com múltiplas causas, bandeiras e utopias.

Acabou o monopólio da política pelos partidos convencionais, que ainda detém o privilégio do controle eleitoral por conta do exclusivismo oficial na escolha e no lançamento de candidatos - mas também isso tende a acabar quando forem legalizadas as candidaturas avulsas ou independentes. É um caminho sem volta.

O atual sistema político-partidário está falido. Partidos são, em linhas gerais, meros agrupamentos de interesses eleitorais com suas agendas oportunistas, individualistas, burocráticas e cartoriais. Existem para que seus caciques se dêem bem, se elejam e se perpetuem no poder. Mas seguem distantes de qualquer avanço civilizatório.

Os escândalos de corrupção, o fisiologismo, o corporativismo, o foro privilegiado, o autoritarismo, o machismo, a existência de bolhas ideológicas de fanáticos e lunáticos, de golpistas, obscurantistas e negacionistas - todo esse contexto da velha política nos causa repulsa.

Até os partidos surgidos mais recentemente, prometendo mecanismos ágeis, modernos e eficazes de participação, democracia interna e transparência, inclusive aqueles com pautas identitárias, não escapam das armadilhas de um sistema corrompido, condescendente e ultrapassado que precisa ser completamente restaurado.

Confira os métodos de escolha dos dirigentes e candidatos em cada sigla, como é feita a divisão de recursos dos fundos públicos (são dois: o eleitoral e o partidário) e do tempo disponível no horário eleitoral gratuito de rádio e TV. Se houver plena igualdade, respeito total à diversidade, zero privilégio e nenhum descontentamento, darei o braço a torcer...

Mas a verdade é que na maioria das vezes o discurso não combina com as ações. Apesar da maquiagem e dos filtros que as legendas aplicam para melhorar a própria imagem, como esses que usamos diariamente nas redes sociais, prevalecem as velhas práticas e mal se disfarçam os problemas internos e as incoerências gritantes.

Apelando outra vez ao imortal Cazuza: todos esses 33 partidos legalizados e outros tantos em gestação, de esquerda, centro ou direita, conservadores ou liberais, retrógrados ou progressistas, não passam de “um museu de grandes novidades”. É o futuro repetindo o passado - e o que sempre tivemos de pior no Brasil!

Precisamos virar esse jogo! Com educação, formação e informação de cidadãos conscientes, responsáveis, éticos, decentes, justos. Com uma participação mais ativa, inclusiva, engajada, integrada, entusiasmada. Com ou sem partidos, mas com ideias e ideais.

Vamos hackear a política e construir um mundo melhor! Basta de politicagem, gente escrota, corrupta e canalha. Queremos que o Brasil não tenha mais tantos motivos para cassar maus políticos e passe a caçar os bons. Vamos escolher melhor, virar essa página e escrever uma nova História.