segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Só teremos uma cidade inteligente quando gente burra parar de ser contra a sustentabilidade e a qualidade de vida, certo?


Quem viu e gostou da postagem de ontem com o vídeo da visita das ararinhas maracanã em plena região do centro-expandido de São Paulo, pode ajudar a manter essa maravilha da natureza. E tem mais: periquitos, maritacas, pica-paus, gaviões, andorinhas, carcarás, sabiás, bem-te-vis...

É só nos ajudar a convencer o prefeito Bruno Covas, o vice Ricardo Nunes e a maioria dos vereadores paulistanos sobre a importância de aprovarem o reinvindicado Parque Verde da Mooca exatamente naquela região, no antigo terreno da Esso. Já existe projeto em condição de pauta na Câmara Municipal de São Paulo.

Você sabe que a Mooca é um dos bairros mais tradicionais de São Paulo e também, infelizmente, recordista negativo com os menores índices de áreas verdes da cidade. Mas essa realidade pode ser transformada com um simples ato da Câmara e da Prefeitura: a regulamentação do terreno para implantação do futuro Parque.

A luta é antiga e justa! Os cidadãos mooquenses e paulistanos solicitam a destinação deste terreno de quase 100 mil m² na Mooca, que no passado pertenceu à filial brasileira da empresa petrolífera norte-americana Esso, atual Exxon Mobil Corporation, para implantação de um pulmão verde para a cidade.

Esta área teve o solo e as águas subterrâneas contaminadas, e há mais de uma década - período em que vem passando por processo de descontaminação - é reivindicada pela totalidade da sua população local para a implantação desse futuro parque público. Nada mais justo e merecido.

Porém, com o velho argumento da falta de recursos municipais e de espaços disponíveis para habitação, alguns políticos e empreendedores imobiliários querem construir moradias no local (unindo prédios populares a condomínios de luxo, segundo proposta apresentada em uma operação urbana local, dos chamados Bairros do Tamanduateí, e que também será debatida na revisão do Plano Diretor de São Paulo).

É, sem dúvida, um caso emblemático: a comunidade está mobilizada pela preservação integral da área verde, enquanto a atual proprietária do terreno pretende construir condomínios no local e, em contrapartida, ou como "compensação ambiental", oferecer a preservação de apenas 30% do terreno para um "parque" a ser administrado pela própria empresa por 20 anos. Mas isso não nos parece justo nem adequado.

Há movimentação de políticos pró e contra: de um lado, o amplo apoio à troca por outro espaço, como ocorreu no Parque Augusta, ou a desapropriação da área por decreto de utilidade pública ou interesse social; do outro, a defesa do direito da construtora São José explorar economicamente o espaço que foi ocupado por mais de 60 anos pela Esso, deixando o solo contaminado por seus tanques de combustíveis.

Este é o último grande espaço na região que pode abrigar um parque público e ajudar a Mooca a reverter o baixíssimo índice de área verde (0,35 m² de área verde por habitante, enquanto a Organização Mundial de Saúde recomenda 12 m²). Também em função da pouca quantidade de áreas verdes, a Mooca é um dos dez bairros com mais baixo nível de umidade relativa do ar, segundo balanço recente do Centro de Gerenciamento de Emergência da Prefeitura de São Paulo.

Todo esse descaso com a sustentabilidade e a qualidade de vida agrava problemas de enchentes, poluição do ar, mudanças climáticas e doenças respiratórias, além de acabar com o habitat natural de animais silvestres, aumentar o caos do trânsito e os congestionamento, agravar a falta de infra-estrutura e descaracterizar os bairros ao redor - que podem ser replanejados e reurbanizados em sintonia com um projeto de cidade moderna e inteligente.