sábado, 5 de setembro de 2020

Censura prévia, foro privilegiado, juízes de estimação, fake news e milícias digitais: é o bolsonarismo em ação!

Postamos ontem aqui sobre a fixação de Bolsonaro e dos bolsonaristas contra o que eles chamam de #GloboLixo, e os ataques orquestrados que fazem não só à Rede Globo, mas à imprensa livre e ao jornalismo profissional como um todo.

Pois não é que terminamos o dia com a notícia da censura prévia que o senador Flávio Bolsonaro, metido até o pescoço na lama do caso Queiroz e que já vive protegido sob o foro privilegiado, obteve em liminar absurda, parcial e inconstitucional concedida pela Justiça do Rio de Janeiro?

Bom, vamos esperar o que da política e da justiça carioca, onde dez entre dez governadores foram afastados e/ou presos, e o Estado criminoso está instituído desde o Império, né? Pobre Rio de Janeiro. Pobre Brasil.

Mas censura antecipada, concedida por liminar de juiz, para impedir a imprensa de divulgar informações ou documentos que fazem parte da investigação de políticos corruptos e esquemas de desvio de dinheiro público, como a rachadinha flagrada no Rio de Janeiro, é o cúmulo da ilegalidade!

Nas redes sociais, Flávio Bolsonaro, um dos famosos zeros da direita mais inúteis que zeros à esquerda, comemorou a liminar e disse que parte da imprensa "inventa narrativas" para desgastar a imagem dele e a do pai.

"Acabo de ganhar liminar impedindo a #globolixo de publicar qualquer documento do meu procedimento sigiloso. Não tenho nada a esconder e expliquei tudo nos autos, mas as narrativas que parte da imprensa inventa para desgastar minha imagem e a do presidente Jair Bolsonaro são criminosas", disse ele.

"A juíza entendeu que isso é altamente lesivo à minha defesa. Querer atribuir a mim conduta ilícita, sem o devido processo legal, configura ofensa passível, inclusive, de reparação", acrescentou.

Pois que busque a retratação e até possível indenização que julgue ter direito, e que a Justiça lhe dê ganho de causa se tiver razão. Esse é o papel do Judiciário. Mas jamais que conceda censura prévia, cerceando o papel da imprensa e vedando o acesso público a informações de evidente interesse da sociedade.

Outro dos zeros, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, que acabou de livrar do impeachment com o seu voto o prefeito Crivella (mais um notório inimigo dos jornalistas), também tentou desacreditar a imprensa ontem após mais uma notícia reveladora do modus operandi do bolsonarismo.

Nada menos que onze servidores do gabinete dele que são investigados como funcionários fantasmas na Câmara Municipal (no mesmo padrão repetido pelos Bolsonaro na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados) receberam um total de R$ 7 milhões, segundo denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro. Boa bolada!

O fato é que a familícia Bolsonaro tem medo da verdade, da imprensa livre, da justiça imparcial e independente. Devem ter muito a esconder, então se cercam de mentiras e fake news, da bolha ideológica, de políticos comprados como os fisiológicos do Centrão e de juízes que atuam como banca de defesa.

Enquanto isso, segue sem resposta a pergunta que todo mundo faz (e que deixou o presidente com vontade de encher de porrada a boca do jornalista que ousou não lhe bajular): Por que o Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da Michelle Bolsonaro?

Ah, se fosse só isso, né? Essa quantia é troco de pão se comparado com tudo o que existe de obscuro nessa história toda, na lavagem de dinheiro, nas negociatas políticas, nas mudanças de partidos e no uso do fundão, nas campanhas eleitorais, na relação com as milícias... Será que um dia tudo virá à tona?