terça-feira, 8 de setembro de 2020

Cultura da bajulação e do ódio no “jardim da infância” do (des)governo Bolsonaro


Para Bolsonaro e os bolsonaristas, só tem valor aqueles que bajulam o presidente e que odeiam seus inimigos, reais ou imaginários. Pior ainda são os traíras, que um dia foram aliados mas ousaram criticar ou discordar do mito: como fizeram Sérgio Moro e Joice Hasselmann, para ficar em dois exemplos conhecidos e já “cancelados”.

Mas há duas classes especialmente odiadas: jornalistas e artistas. Afinal, no meio cultural e no jornalismo há muita gente crítica, questionadora, indócil, eternos descontentes com a palavra oficial do presidente. Não à toa, ambos verdadeiros antros da esquerdalha brasileira e global.

Bolsonaro não esconde a antipatia que nutre por profissionais da imprensa e das artes. Até abre exceções, desde que lhe sejam fiéis e aduladores. Entre os jornalistas, podemos citar Alexandre Garcia, Ernesto Lacombe, Augusto Nunes. O resto merece desprezo e, se tanto, que Bolsonaro lhes encha a boca de porrada.

Nesta terça-feira, Bolsonaro levou à reunião ministerial uma youtuber mirim de 10 anos e, entre perguntas sopradas e respostas amenas e ensaiadas, sem direito à réplicas inoportunas, ao contraditório ou a pegadinhas, como fazem esses repórteres comunistas, deu mais uma lição sobre o que espera do jornalismo e dos jornalistas.

Pragmático, direto e objetivo, o presidente afirmou que gostaria que todos fossem iguais à garota. “É uma menina que tem uma capacidade enorme de conversar, interagir. Gostaria que as repórteres do Brasil fossem iguais a ela”, concluiu. Faz sentido.

Na Cultura, o padrão perseguido é o do bajulador Mário Frias, não sabemos se mais canastrão como ator ou secretário. Depois de cenas explícitas de sabujice e servilismo, o substituto de Regina Duarte (vários tons acima da atriz que já se mostrava saudosa da ditadura), resolveu lacrar contra o humorista Marcelo Adnet.

O script é conhecido: disparou impropérios contra o contratado da Globo, para delírio da claque bolsonarista (inclusive de órgãos oficiais). Como é possível que um governo se mobilize para combater uma paródia? É tragicômico.

Não deixa de ser inusitado ver a piada brigar com o comediante. O nível? "Frouxo", "sem futuro", "palhaço" e "bobão". Infantilismo patológico. Jardim da infância perde. Típico do (des)governo do meme que virou presidente.