terça-feira, 1 de setembro de 2020

A lógica obscurantista na cabeça de um bolsonarista

Lógica bolsonarista: Bolsonaro diz que teve Covid-19. Bolsonaro não morreu. Bolsonaro diz que tomou cloroquina. Logo, a cloroquina curou Bolsonaro. Mais óbvio, impossível.

Pois agora me permito concluir, nessa mesma lógica enviesada, que cloroquina causa pedra no rim. Afinal, Bolsonaro anunciou ontem que passará por uma cirurgia para retirar um cálculo renal do tamanho de um feijão, diagnosticado nesta segunda-feira após o presidente ter procurado atendimento médico.

Gostem ou não, o fato é que dizer que a cloroquina cura o coronavírus não passa mesmo de fake news. Não há absolutamente nenhum estudo científico ou comprovação médica de tal afirmação, nem recomendação crível chinesa ou marciana. Pura crendice, desinformação ou mentira deslavada.

Tipo a aplicação retal de ozônio, como indicou o prefeito de Itajaí. E a injeção de desinfetante, como chegou a sugerir o presidente Trump, espécie de guru da idiotia bolsonarista, dobrando o número de casos de intoxicação nos EUA por ingestão de produtos de limpeza.

Nunca duvide da estupidez humana. Ela pode ser maior que qualquer suposição. Veja o caso da deputada bolsonarista Carla Zambelli, que mentiu ter sido contaminada pelo coronavírus e ainda anunciou uma falsa cura pela cloroquina, só para puxar o saco do mito mitômano. Santa ignorância!

Voltemos então ao Bolsonaro. A última, depois ainda de ter anunciado a pedra no rim, ontem à noite, foi fazer campanha contra a vacinação. Concordou com uma apoiadora lunática que pedia a proibição de vacinas contra a Covid ao dizer que ninguém é obrigado a tomar vacina.

Ou seja, se não bastasse fazer propaganda enganosa de remédio falso - e gastar milhões dos cofres públicos para o Exército produzir a tal cloroquina milagrosa, Bolsonaro dobra a meta da charlatanice ao incentivar que o brasileiro não tome a vacina.

Isso depois de seu próprio (des)governo federal anunciar acordo para adquirir 100 milhões de doses da vacina inglesa de Oxford, enquanto o governo de São Paulo tem acordo semelhante com a China e o do Paraná com a Rússia.

Assim, a onda de ataques e de fake news contra as campanhas de vacinação no Brasil, que já estavam na mira do ódio da bolha bolsonarista, ganha o reforço do próprio presidente. Bingo!

Nada mais satisfatório para os fanáticos e lunáticos que são contra qualquer vacina - principalmente estas preparadas para supostamente inocular o comunismo no povo, na evolução da teoria conspiratória do “vírus chinês”.

E alguém ainda se espanta ao ver praias lotadas de gente sem máscara, aglomerações em festas clandestinas, a ciência, a medicina e a imprensa sob ataque negacionista? Ora, tudo isso é puro bolsonarismo na veia! Overdose de cretinice. (Até quando?)