sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Covas x Russomanno no 2º turno, com França correndo por fora?


A campanha eleitoral nem começou, temos 14 candidaturas lançadas à Prefeitura de São Paulo, mas já é possível apostar que o futuro prefeito sairá do embate entre Bruno Covas, Celso Russomanno e Márcio França. (Será?)

Claro que tudo é uma questão de opinião, baseada em fatos, no faro jornalístico e na experiência de quem acompanha o dia a dia da política paulistana. Mas pode anotar aí e me cobrar na noite de 15 de novembro, quando forem anunciados os resultados das eleições.

Outra aposta polêmica: Guilherme Boulos (PSOL) deve ter mais votos que Jilmar Tatto, com toda a força que o PT sempre mostrou na cidade de São Paulo (não por acaso, inclusive, elegendo três prefeitos: Erundina, Marta e Haddad). Mas nem Boulos, nem Tatto tem a mínima chance de chegar ao 2º turno. Pode cravar.

Não é torcida, é palpite. Torcida mesmo, declarada, sincera, é de não ver o bolsonarismo ocupar a Prefeitura paulistana. Então vamos deixar claro desde já: não sou imparcial, nem isento. Eu sou anti-bolsonarista. Voto em qualquer um que não estiver com Bolsonaro no palanque.

E Celso Russomanno chega justamente com esse trunfo. Juntou o Republicanos, braço partidário da Igreja Universal, com o PTB de Roberto Jefferson, governista desde Collor, passando por FHC e condenado por corrupção nos governos do PT, para representar o bolsonarismo xiita.

Se o eleitor paulistano que votou em Bolsonaro abraçar Russomanno (embora a rejeição inicial pareça forte), ele estará no 2º turno para enfrentar o prefeito Bruno Covas (PSDB), que larga com favoritismo para a reeleição, com uma coligação de dez partidos, recursos de sobra e o maior tempo de TV.

O simples fato de Russomanno ter confirmado a candidatura - ele que já disputou e perdeu feio em 2012 e 2016, depois de despontar como favorito em todas as pesquisas - mostra que Bolsonaro vai jogar todas as fichas nele.

Em tese, Russomanno tira votos de todos os candidatos. Resta saber quanto ele soma - e qual o seu índice pessoal de rejeição, acrescido do eleitor avesso a Bolsonaro. Mas a entrada dele na disputa queima na largada todos aqueles que sonhavam herdar o voto bolsonarista.

Estão nesse pelotão: Andrea Matarazzo (PSD), Joice Hasselmann (PSL), Arthur do Val “Mamãe Falei” (Patriota), Filipe Sabará (Novo) e Levy Fidelix (PRTB), candidatos a dividir o voto de direita que restar de Russomanno e Covas. E já bateu o desespero, com apelos a Moro, Mourão e até a Maluf (justo pelo Novo!)

Corre por fora a candidatura de Márcio França (PSB), com uma limitada chance de sucesso: se fizer valer o “recall” de quem votou nele para governador em 2018, comendo pelas beiradas tanto o voto anti-Doria (e por extensão anti-Covas), quanto o anti-Bolsonaro e o anti-PT.

Na missão quase impossível de conquistar um eleitorado essencialmente de centro, ou emplacar algo desse anti-tudo (que pode dar em nada), França tem uma coligação de cinco partidos e o segundo maior tempo de TV para garimpar esse acesso sinuoso ao 2º turno.

Então, é isso: Covas, Russomanno, França e Boulos serão os protagonistas, cada qual com um papel bem definido na eleição; Tatto, Joice, Matarazzo, Arthur e Filipe, coadjuvantes; o resto é figurante ou dublê para cenas de risco, com pouco espaço para revelações e os canastrões de sempre.

Façam também as suas apostas...