quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Bolsonaro libera R$ 3,8 milhões para combater fogo no Pantanal: valor equivale a quatro meses de seus gastos pessoais no Palácio do Planalto


Você entendeu o tamanho do absurdo? A ajuda emergencial disponibilizada pelo presidente Bolsonaro para combater o maior incêndio da história no Pantanal equivale ao que foi gasto por ele em apenas quatro meses com o cartão corporativo da Presidência.

Ou seja, o que Bolsonaro torrou de dinheiro público para custear as despesas pessoais dele e da família, entre janeiro e abril deste ano, sem nem ao menos prestar contas dos gastos, é a mesma quantia que ele encaminhou para combater a tragédia no Pantanal que comove o mundo.

Esses R$ 3,8 milhões são um valor irrisório e ineficaz, que representam apenas 7% do orçamento que havia disponível para o combate a queimadas em áreas federais quando Bolsonaro assumiu o governo - e que ele cortou de maneira intempestiva e irresponsável.

Vamos repetir para todo mundo entender: Nesta semana, em meio às imagens desesperadoras do incêndio no Pantanal, o governo federal anunciou a liberação de R$ 3,8 milhões emergenciais para o combate ao fogo e o socorro aos animais. Como se isso fosse grande coisa, mas é mesquinharia.

É o preço de uma casa no Condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, onde Jair Bolsonaro morava antes de se eleger presidente, ainda possui dois imóveis e tinha entre seus vizinhos até um dos assassinos da vereadora Marielle Franco.

O valor é de uma casa, mas a área devastada pelo fogo no Pantanal já é maior que as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro juntas. Percebeu o drama? O presidente anuncia R$ 3,8 milhões como se fosse uma grande ajuda. Mas não é nada além de engana-trouxa! Passa-moleque!

Valor equivalente a um único imóvel no condomínio de luxo do presidente. Valor idêntico ao que ele usou para se manter confortável por quatro meses no Palácio do Planalto. Enquanto a flora e a fauna de um dos biomas mais significativos do planeta vira cinzas.

Quando Bolsonaro foi eleito, em 2018, o orçamento do governo para a prevenção e o controle de incêndios florestais em áreas federais era de R$ 53,8 milhões. Foi reduzido para R$ 45,5 milhões em 2019, e agora para R$ 38,6 milhões em 2020.

A verba para a contratação de equipes de combate ao fogo e brigadistas caiu de R$ 23,78 milhões em 2019 para R$ 9,99 milhões neste ano - uma redução inexplicável de 58%, de acordo com dados oficiais do Portal da Transparência.

Isso enquanto as queimadas na Amazônia aumentaram mais de 30% em 2020, pelos dados oficiais do próprio governo, e o Pantanal registra o maior número de focos de incêndio e sofre os efeitos da maior tragédia ambiental da nossa história.

E lá vem Bolsonaro com esses R$ 3,8 milhões de auxílio emergencial, festejado pelo governo como a mesada ofertada ao povo miserável durante a pandemia. Querendo mais uma vez faturar politicamente com dinheiro público e a dor alheia.

Se não bastasse ser o mesmo valor de uma casa ou da parcela quadrimestral do cartão corporativo, é uma quantia equivalente também ao total de dinheiro que Flavio Bolsonaro teria lavado na sua franquia da Kopenhagen e em transações imobiliárias suspeitas, segundo denúncias do Ministério Público.

Ou ainda 13% (olha o treze aí, gente!) dos R$ 29,5 milhões que a Revista Época acusa, em matéria desta semana, a família Bolsonaro de ter repassado a pelo menos 39 funcionários fantasmas dos gabinetes parlamentares de Jair e dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo.

Para finalizar as comparações, o dinheiro disponibilizado para a emergência no Pantanal é menor que o total arrecadado pelo então candidato Bolsonaro em 2018. Segundo o extrato final da prestação de contas, o presidente arrecadou R$ 4,3 milhões para vencer as eleições.

Em resumo, para Bolsonaro, a campanha eleitoral dele, ou a casa, ou o cartão corporativo, todos e cada um destes tem mais valor que apagar o incêndio e salvar vidas no Pantanal. Talvez isso explique muita coisa...