terça-feira, 20 de outubro de 2020

Bolsonaristas e petistas, tirem o cavalinho da chuva: Polarização de 2018 não vai se repetir em 2020


Será que nas eleições deste 15 de novembro vamos mesmo nos livrar da polarização burra e estreita que assistimos nas eleições de 2018, levando o Brasil a escolher entre a velha esquerda e a velha direita, entre Bolsonaro e o PT?

Bem, a novidade deste ano parece ser a exclusão definitiva do PT e do PSL como protagonistas das eleições nas principais capitais brasileiras. Assim, em tese estamos livres da repetição do 2º turno da disputa presidencial de 2018. Mas não acabaram as polarizações.

A direita - da ala mais radical bolsonarista ao liberalismo light - está dividida em partidos como Republicanos, DEM, PSD, PSDB e Podemos. Bolsonaristas órfãos seguem à espera da prometida Aliança pelo Brasil - ou o destino que Bolsonaro definir ao lhe oferecerem a legenda mais conveniente para a reeleição.

Por outro lado, pouquíssimos candidatos petistas parecem ter alguma chance de 2º turno. Apenas em Fortaleza (Luizianne Lins), Recife (Marilia Arraes) e Vitória (João Coser) o PT aparece com algum destaque nas pesquisas - e ainda assim sem nenhum favoritismo.

Na cidade de São Paulo, três vezes administrada pelo PT, o candidato Jilmar Tatto deve amargar a pior derrota desde os anos 80. E note que duas dessas ex-prefeitas petistas já saíram do partido há anos: Marta Suplicy apóia Bruno Covas (PSDB) e Luiza Erundina é candidata a vice de Guilherme Boulos (PSOL).

O PT perdeu o monopólio da esquerda. São Paulo com Boulos e Porto Alegre com Manuela D’Ávila (PCdoB), novos queridinhos de ex-petistas, são bons exemplos. Em outras capitais ocorre o mesmo fenômeno. O eleitorado que votou em Lula e Dilma se vê hoje melhor representado por PSOL, PSB, PDT, PCdoB ou até o Cidadania.

É o caso de Belém, com Edmilson Rodrigues (PSOL); Recife, João Campos (PSB); Maceió, JHC (PSB); Macapá, João Capiberibe (PSB); Rio Branco, Socorro (PSB); Porto Velho, Vinicius Miguel (Cidadania); e Aracaju, com Edvaldo Nogueira (PDT) ou Delegada Danielle (Cidadania). Para citar alguns locais aonde o PT não tem protagonismo.

É evidente que essa fragmentação dos votos da esquerda mais tradicional, mesmo tendo como foco principal as eleições municipais de 2020 nas capitais, pode interferir também na sucessão presidencial de 2022.

Existe toda uma movimentação em torno dos possíveis presidenciáveis cogitados pelos partidos que orbitavam o PT, como Ciro Gomes (PDT), Flávio Dino (PCdoB) e Marcelo Freixo (PSOL) - enquanto o próprio Partido dos Trabalhadores desconhece se terá condições de lançar Lula ou se vai repetir Haddad.

O chamado centro democrático (ora com viés mais conservador, ora mais progressista) também se mobiliza em torno de nomes como João Doria, Sergio Moro, Luiz Henrique Mandetta e Luciano Huck - testando as opções, pois sabe que daqui pode sair um bloco decisivo para 2022.

Na Grande São Paulo, região em que o PT sempre elegeu muitos prefeitos, o partido tem candidatos próprios em 25 das 39 cidades. Destas, 17 já elegeram prefeitos petistas ao menos uma vez desde o ano 2000. A missão agora é reconquistar espaço. Desesperadamente.

A estratégia do PT é disputar com o que tem de mais forte, seus ex-prefeitos, como Elói Pietá em Guarulhos, Emídio de Souza em Osasco, Luiz Marinho em São Bernardo do Campo, José de Filippi em Diadema, Sergio Ribeiro em Carapicuíba e Ramon Velasquez em Rio Grande da Serra.

Em 2016, o PT fez um só prefeito na região metropolitana: Kiko, de Franco da Rocha, que foi reeleito. Agora, impedido de concorrer novamente, o petista apóia o atual vice, Dr. Nivaldo, do PTB, partido que nacionalmente está na base de apoio de Bolsonaro - e que sonha em filiar o presidente.

No interior paulista, o PT busca manter sua única prefeitura de cidade grande: Araraquara, com Edinho Silva candidato à reeleição. Em 2016, o PT despencou de 72 prefeitos para apenas oito eleitos (Araraquara, Barra do Chapéu, Cosmópolis, Franco da Rocha, Itapirapuã Paulista, Motuca, Nantes e Rincão).

Conclusão: não será nada fácil a vida dos petistas, em São Paulo e no Brasil. O que não significa também que os bolsonaristas vão sair da eleição de 2020 cantando vitória. Há outras forças se movendo agora e para 2022.

É cedo para qualquer projeção definitiva, mas parece evidente que pode existir vida inteligente fora das bolhas ideológicas dominadas por fanáticos e lunáticos de Lula ou de Bolsonaro. Há outras saídas. Amém! 🙏🏻