sexta-feira, 27 de novembro de 2020

De novo: Covas ou Boulos? E o que nós esperamos da política e dos políticos que elegemos?


Parece que tem campanha que se esforça para perder a eleição. Incrível! Em 2018 o #EleNão foi um desastre. Deu efeito contrário, reforçou a polarização e aglutinou o antipetismo em torno de Bolsonaro. Resultou no desastre que é esse presidente demente.

Em São Paulo, apareceram agora nesta reta final o #BoulosNão e o #CovasNão. As duas campanhas apelaram para a estratégia da propaganda eleitoral negativa. Abandonam a divulgação das qualidades e propostas do seu próprio candidato para atacar supostos defeitos do adversário. Será que funciona?

Boulos virou, na propaganda tucana, o inexperiente, despreparado, radical, o “perigo” da mudança. Na propaganda do PSOL, por outro lado, Covas foi poupado. Ou atacado por tabela. Pode abandonar a Prefeitura na mão de um desconhecido e denunciado. O alvo é o vice. E sentiu!

(Abro um parêntese: Quem foi que orientou a mulher do vice Ricardo Nunes a dizer na entrevista ao Estadão que “não se lembra” da denúncia que fez contra ele por violência doméstica? Pelo amor de Deus! Isso vai ser explorado hoje no debate da Globo e tem potencial para implodir Covas).

Enfim, neste domingo voltaremos às urnas para o 2º turno das eleições nas principais capitais. Além da definição dos prefeitos que restam para completar o quadro político de 2020 - arejado pela eleição de mais negros, mais mulheres, mais trans, mais candidaturas coletivas - todo mundo já tenta fazer projeções para 2022.

Foram decretados como grandes perdedores em 2020 os dois pólos herdados do fatídico 2018: o PT e os candidatos apoiados por Bolsonaro; enquanto os partidos amorfos e fisiológicos do Centrão despontam como vencedores na quantidade de prefeitos e vereadores eleitos.

Fazemos muitas vezes uma análise enviesada dos resultados das eleições. Esse inusitado e diferentão ano de 2020 não foge à regra. A tendência dos olhos mal acostumados à política tradicional é ver “sucesso” nos números dos grandes partidos.

Eu, ao contrário, vejo fracassso da política tradicional e a falência dos partidos, cada vez mais um amontoado de interesses difusos com um único objetivo: atender a burocracia legal para lançar candidatos e dividir os recursos públicos do fundão.

O crescimento recorde da abstenção, dos votos brancos e nulos, e, por outro lado, a eleição de ativistas, transgêneros, negros, mulheres, políticos questionadores, inflluenciadores, transgressores das velhas fórmulas, mostra que a nova (ou boa) política está se construindo de outra forma, por novos caminhos.

A mudança (que virá, mais cedo ou mais tarde) está ainda represada por políticos reacionários, leis antiquadas, monopólios partidários, burocráticos, cartoriais, corporativistas, ideológicos. Mas uma hora essa bolha vai estourar. Estamos prontos para isso?