quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Covas e Boulos: de ruim a pior (ou vice-versa)


Vamos inverter a lógica da boa política e, ao invés das qualidades de cada candidato, passar a destacar os seus defeitos. Aliás, isso nem é novidade nas campanhas eleitorais, porque a propaganda negativa do adversário é um recurso antigo, acentuado agora pelas redes sociais.

As inserções de ambos na TV, nessa reta final, mostram bem isso: Covas apresenta cidadãos paulistanos afirmando que Boulos não tem nenhuma experiência para administrar a cidade. Boulos, por sua vez, sugere que Covas vai deixar a prefeitura nas mãos do vice, um desconhecido e denunciado.

Nas entrevistas e nos raros confrontos diretos entre eles (sexta-feira tem o último debate na Globo), Boulos ironiza que gostaria de viver na cidade da propaganda do Covas, que funciona às mil maravilhas, enquanto Covas rebate que Boulos é um vendedor de ilusões.

As redes não perdoam. Na era do meme que virou presidente, os prefeituráveis também não escapam do humor ferino dos críticos, da política do cancelamento, do ataque das milícias virtuais e das fake news.

Covas é o candidato do #BolsoDoria. Boulos, do #LulaLivre e dos ditadores de esquerda do Foro de São Paulo. Covas é financiado pelo mercado imobiliário, Boulos recebe doação de herdeira de empreiteira. Covas cortou o Leve Leite e o bilhete único, Boulos ocupa áreas de mananciais.

O vice de Covas foi denunciado por agredir a mulher. É suspeito de beneficiar a máfia das creches. Dizem que ele vai assumir a Prefeitura porque é da tradição tucana o titular abandonar o cargo na mão do vice para alçar vôos maiores, como fizeram Alckmin, Serra e Doria. Covas desmente, mas ninguém ouve.

Boulos é apontado como invasor, baderneiro, irresponsável. Circulam imagens de quebra-quebra na Fiesp, invasão do prédio da Presidência da República na Paulista e até da Câmara Municipal. Boulos, que na campanha posa de moderado, já foi preso por incitação à violência. Ocupação é crime ou direito social?

Tem selfie de Covas com Bolsonaro. Agora ele despreza o apoio do presidente, embora aceite aliança com Russomanno e peça o voto de bolsonaristas. Por outro lado, vejam a ironia: tem bolsonarista votando em Boulos, o “comunista”, para derrotar Doria, inimigo do Bolsonaro. Vai entender...

É tudo verdade? É mentira? Será que todo mundo se preocupa em não espalhar notícia fake contra nenhum deles ou cada um só se importa em esclarecer aquilo que incomoda o seu próprio candidato? Queremos uma cidade melhor, uma política melhor, ou vale tudo pelo poder?