sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Covas x Boulos: os debates, a TV e o voto


Os debates deste 2º turno (resumidos a três: CNN, Band e Globo), além da propaganda que recomeça hoje, dia 20, com dois blocos diários de dez minutos no rádio e na TV, colocam Bruno Covas e Guilherme Boulos em absoluta igualdade de condições para serem avaliados pelo eleitor paulistano.

O que se viu ontem neste primeiro debate da TV aberta, na Band (repetindo o embate ocorrido na CNN), e que provavelmente se repetirá na próxima sexta-feira, 27, na Globo, é Covas querendo reforçar a imagem de gestor ponderado e eficiente, enquanto Boulos tenta se apresentar como opositor qualificado para o cargo.

Um quer mostrar o que fez, enquanto o outro aponta o que faria e o atual prefeito não fez. Em resposta, Covas tenta carimbar Boulos como inexperiente, despreparado, desconhecedor da administração pública, do orçamento e da responsabilidade fiscal.

O candidato do PSOL rebate e diz que tudo é questão de definir prioridades, e que em quatro anos serão resolvidos problemas sociais e de moradia como nunca antes nesta cidade - e que a experiência está toda concentrada na vice Erundina, prefeita 30 anos atrás.

Mais que as qualidades e os projetos de cada um, estão em jogo também os defeitos e as fragilidades do adversário. Aliados inconvenientes, frases infelizes, atos mal explicados, promessas inviáveis, histórias obscuras e o que cada um tenta omitir.

Nos próximos dias haverá ainda a crítica aos apoiadores obtidos pelos dois oponentes. À enorme aliança de Covas, com dez partidos (PSDB, DEM, MDB, PP, PL, PSC, PROS, PV, Podemos e Cidadania), reforçada pela frente suprapartidária liderada por Marta Suplicy, estão se somando partidos e ex-candidatos como Celso Russomanno (Republicanos), Joice Hasselmann (PSL) e Andrea Matarazzo (PSD).

Em torno da candidatura de Guilherme Boulos, que contava apenas com os nanicos PCB e UP, chegam agora o PT com o apoio entusiasmado de Jilmar Tatto, Eduardo Suplicy, Fernando Haddad e Lula; o PDT de Ciro Gomes; a Rede Sustentabilidade de Marina Helou e Marina Silva; e o PCdoB de Orlando Silva.

O ex-candidato Mamãe Falei (Patriota) declarou “neutralidade”, ressaltando porém que jamais votaria no candidato da esquerda. O PSB de Marcio França e o PTB de Roberto Jefferson, novo antro bolsonarista e que tinha o vice de Russomanno, ainda debatem internamente como se posicionar. O apoio de Bolsonaro segue rejeitado.

As pesquisas mostram Covas amplamente favorito. O histórico das eleições paulistanas, porém, é marcado pela alternância de poder. Veja a sequência dos eleitos nas últimas décadas, desde o último prefeito “biônico”indicado pelo então governador Franco Montoro, que foi Mario Covas, avô de Bruno: Jânio (1985), Erundina (1988), Maluf (1992), Pitta (1996), Marta (2000), Serra (2004), Kassab (2008), Haddad (2012) e Doria (2016).

Ou seja, o placar está 7 x 2 para a oposição. Apenas os situacionistas Pitta (sucessor de Maluf) e Kassab (que era o vice de Serra) se elegeram, enquanto todos os demais prefeitos eram opositores do governo anterior. E agora: vai dar a reeleição do prefeito Bruno Covas ou São Paulo escolherá o opositor Guilherme Boulos? Você decide.