terça-feira, 24 de novembro de 2020

A guerra dos vices: Ricardo Nunes x Luiza Erundina


Sempre é bom lembrar que a escolha que você vai fazer no domingo é pela chapa completa: vote 45 para Bruno Covas e Ricardo Nunes; ou vote 50 para Guilherme Boulos e Luiza Erundina. Não dá nem para “esconder” o vice, nem, como parece às vezes, inverter a importância dos cargos.

“Por que vocês não mostram os candidatos a vice-prefeito?”. O eleitor de Boulos, principalmente, reclama que os vices estão muito em segundo plano (e quando foi diferente?). Faz parte da narrativa da campanha do PSOL. Pura estratégia de marketing. Mas vamos escancarar o assunto, para não deixar dúvidas.

Chegaram a acusar até a imprensa de “esconder” o vice de Covas. Ora, como se os jornalistas não estivessem divulgando e repercutindo diariamente as denúncias e suspeitas levantadas pela própria imprensa sobre Ricardo Nunes, inclusive nas entrevistas e debates com Bruno Covas. Toda hora tem esse mimimi. Haja paciência!

Mas OK, a preocupação com os vices faz muito sentido, principalmente no Brasil. Afinal, Sarney (vice de Tancredo), Itamar (vice de Collor) e Temer (vice de Dilma) não chegaram por acaso à Presidência da República. Todos exerceram efetivamente o cargo após o afastamento dos titulares eleitos.

Também é o caso dos prefeitos Kassab (vice de Serra) e do próprio Bruno Covas (vice de João Doria em 2016). Ou dos governadores Alckmin (que era vice de Mário Covas), Cláudio Lembo e Márcio França (ambos vices de Alckmin, em diferentes ocasiões).

Dizem que é praxe de tucano abandonar o mandato e deixar o vice no lugar. Pode ser. Daí a acusação de que Bruno Covas esconde seu vice, o vereador Ricardo Nunes, do MDB. Já sobre Guilherme Boulos dizem o contrário, que ele explora a popularidade de Erundina, do alto de seus 85 anos.

Enfim, vamos ver o que se fala por aí sobre os vices, o que estaria “escondido”. Por exemplo, o influenciador Felipe Neto questiona sobre Ricardo Nunes: "Você votaria em um homem acusado de violência doméstica, investigado por possível participação na máfia das creches, além de acusações de ameaça e falta de pagamento de pensão? Esse é o vice de Covas para a Prefeitura de São Paulo. Se você votar no Covas, estará votando nele."

Bruno Covas afirma não ter “qualquer tipo de dúvida” com relação ao vice de sua chapa. “Ele está no seu oitavo ano de mandato, não responde a nenhum processo judicial, não há nenhuma denúncia que ele responda no Judiciário e não existe indício de que haja corrupção”, declara sobre as acusações que circulam sem parar (dê um google para saber mais).

O prefeito garante ainda que não será candidato em 2022, que tem “total confiança que Ricardo Nunes será um excelente vice nos próximos quatro anos”, e ressalta que no mandato de vereador ele ajudou a recuperar mais de um bilhão de reais para os cofres da Prefeitura como presidente da CPI da Sonegação Tributária.

De fato, Covas não se recusa a responder aos questionamentos sobre o vice. Tem sido tão transparente que confessou que preferia uma mulher na vaga (ele sugeriu Marta na pré-campanha), mas escolheu Ricardo Nunes entre as opções que existiam na sua coligação. E que o vice foi importante sobretudo na votação obtida em 15 de novembro no extremo da zona sul.

Sobre a ex-prefeita Luiza Erundina, vice de Boulos, as maiores críticas são de que ela saiu muito mal avaliada da Prefeitura, com apenas 20% de aprovação segundo o Datafolha, o que possibilitou a eleição de Paulo Maluf em 1992 e de Celso Pitta em 1996 - que dispensam apresentações pelo “rouba mas faz” e uma série de escândalos.

Erundina disputaria novamente a Prefeitura em 1996 (pelo PT, com Aloizio Mercadante de vice), 2000 (pelo PSB, com Emerson Kapaz de vice), 2004 (pelo PSB, com Michel Temer de vice) e 2016 (pelo PSOL, com Ivan Valente de vice). Todas as vezes sem sucesso.

Foi acusada em 1989 pelo uso de verba pública para publicar um anúncio no jornal Folha de S. Paulo defendendo a greve geral dos transportes. Na época ela era prefeita da cidade de São Paulo pelo PT. A sentença saiu em 2000 e em 2008 ela foi condenada pelo STF a devolver R$ 353 mil à Prefeitura. Houve uma vaquinha entre amigos e admiradores para possibilitar o pagamento.

Erundina foi denunciada também por um acordo sem licitação com a Shell para as obras do Autódromo de Interlagos, em troca de terrenos para postos de gasolina e que possibilitaram a transferência do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 do Rio para São Paulo, em 1990.

E foi acusada ainda no caso de cobrança de propina da empresa Lubeca para a campanha presidencial de Lula em 1989, que culminou com o afastamento de seu vice-prefeito na época, Luís Eduardo Greenhalgh, da Secretaria de Negócios Extraordinários. Ou seja, vice dá problema desde sempre!

Para que não pairem dúvidas sobre o histórico de Ricardo Nunes e de Luiza Erundina, pesquise mais na internet, na imprensa, nas redes sociais. Procure entrevistas, vídeos, pronunciamentos, referências, denúncias, esclarecimentos. A boa informação é essencial para auxiliar na sua escolha. Mas até prova em contrário ambos tem a ficha limpa.