segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Encontros e despedidas: a dança das cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo


“Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir.”

É inevitável lembrar da canção de Maria Rita (de Milton Nascimento e Fernando Brant) ao acompanhar o interminável resultado deste 15 de novembro, que definiu Bruno Covas e Guilherme Boulos no 2º turno, além dos 55 vereadores eleitos para a Câmara de São Paulo, entre algumas caras novas de negras, trans e feministas, enquanto muito político experiente não se elegeu.

O vereador mais votado, outra vez, é o petista Eduardo Suplicy. O PT e o PSDB empatam com as maiores bancadas eleitas (8 vereadores cada um) entre 17 diferentes partidos, seguidos do PSOL (6), DEM (6), Republicanos (4), Podemos (3), PSD (3), MDB (3), Patriota (3), Novo (2), PSB (2), PL (2), PSL (1), PP (1), PV (1), PSC (1) e PTB (1).

Dos partidos que tem representação na atual legislatura, o Cidadania é o único que perde suas duas cadeiras. Também seguem fora da Câmara paulistana siglas como PDT, PCdoB, Solidariedade, Rede, PROS e o PRTB, que tinha uma candidata, Clau de Luca, apoiada pessoalmente por Jair Bolsonaro.

Dos 55 parlamentares atuais, 34 seguirão na Câmara a partir de 1º de janeiro de 2021. Entre os dez vereadores mais votados, além de Suplicy, apenas outros três foram reeleitos: Milton Leite (DEM), Fernando Holiday (Patriota) e André Santos (Republicanos).

Outros seis chegam como novidade: o midiático Delegado Palumbo (MDB); o influenciador, protetor animal e também policial civil Felipe Becari (PSD); a trans e ativista Erika Hilton (PSOL); Silvia da Bancada Feminista (PSOL); o ex-deputado e ex-presidente da Câmara, Roberto Tripoli (PV); e outro trans ativista, Thammy Miranda (PL).

Entre os mais votados da Câmara se destacam ainda novatos como um bispo da Igreja Universal, Sansão Pereira (Republicanos); a feminista negra Luana Alves (PSOL); o advogado do MBL, Rubinho Nunes (Patriota); o radialista Eli Correa (DEM); e os veteranos Arnaldo Faria de Sá (PP) e Carlos Bezerra Jr. (PSDB), que estavam sem mandatos.

Por outro lado, não se reelegeram Mario Covas Neto (Podemos); José Police Neto (PSD); Soninha Francine e Professor Claudio Fonseca (Cidadania); Caio Miranda e Dalton Silvano (DEM); Noemi Nonato e Toninho Paiva (PL); Ota (PSB); Reis (PT); Gilson Barreto, Adriana Ramalho, Quito Formiga e Daniel Annemberg (PSDB); Zé Turim e Souza Santos (Republicanos).

A renovação de 21 vereadores (38%) é bastante expressiva. São 42 homens e 13 mulheres (ou 23% de representação feminina), incluindo ainda pela primeira vez um homem trans e uma mulher trans, na formação mais plural e sob a maior expressão da diversidade já vista na história da Câmara.


Entre outros eleitos se destacam ainda, à direita e à esquerda, a vereadora bolsonarista Sonaira Fernandes (Republicanos) e Elaine do Quilombo Periférico (PSOL); a evangelizadora Ely Teruel (Podemos) e o Missionário José Olimpio (DEM), reforçando a “bancada da Bíblia”; os líderes comunitários Danilo do Posto de Saúde (Podemos) e Marcelo Messias (MDB); a ex-subprefeita Sandra Santana (PSDB); Marlon do Uber (Patriota); e Cris Monteiro (Novo), que se apresenta como especialista no mercado financeiro.

Das personalidades e celebridades que não conseguiram se eleger podemos destacar Marcelinho Carioca (PSL), Turco Loco (PSDB), Maurren Maggi (DEM), Diego Hypolito (PSB), Renata Falzoni (PV), Marcelo Aguiar (DEM) e o Dr. Bactéria (PSD), entre outros famosos que desejavam chegar à Câmara.

Mais números desta eleição que nos chamam muita atenção: com a abstenção em quase 30%, e os votos brancos e nulos, cada um também na casa dos 10%, isso significa que metade dos eleitores paulistanos simplesmente não votaram em nenhum candidato a vereador. Bom para refletir.